A poucos dias da eleição para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Espírito Santo (OAB-ES), um áudio atribuído à candidata Erica Neves, da Chapa 10 (“A OAB que Você Quer”), gerou grande repercussão nas redes sociais e no meio jurídico. Na gravação, que teria ocorrido antes do início oficial do processo eleitoral, Erica aparece em uma suposta negociação política com um fornecedor da Ordem.
A gravação foi submetida à perícia, que confirmou sua autenticidade e atribuiu as falas à advogada. Trechos da conversa foram editados em um vídeo divulgado nas redes sociais, no qual Erica menciona “esquemas de favorecimento”, um “guru” e um “operador” não identificados. Ela também cita o atual presidente da OAB e candidato à reeleição, José Carlos Rizk Filho, da Chapa 1 (“A Ordem É Evoluir”), afirmando que ele teria maior apoio financeiro durante a campanha.
Entre as falas que chamaram atenção está um pedido ao fornecedor: “Vê se pode pagar umas coisas pra mim… pagar conta, adoro! Adoro que alguém pague a conta, não sou feminista”, disse, em tom de brincadeira.
O laudo pericial, realizado pelo físico Renan Costa Loyola e contratado por um integrante da Chapa 1, concluiu que não houve manipulação nos áudios e que as falas foram extraídas integralmente do arquivo original, sem indícios de uso de inteligência artificial.
Denúncias e reações
A divulgação do áudio intensificou os embates na reta final da eleição, que movimenta mais de 25 mil advogados no Espírito Santo. Erica classificou o episódio como “fake news” e ajuizou ação contra José Carlos Rizk Filho, acusando-o de espalhar o vídeo de maneira sensacionalista. Na ação, ela solicita que a Justiça nomeie um perito para analisar a autenticidade dos áudios e exige a apresentação do arquivo original e do dispositivo utilizado para a gravação.
A defesa de Erica alega que a estratégia da Chapa 1 visa desacreditar sua candidatura após o fortalecimento da oposição com a aliança entre Erica e José Antônio Neffa, ex-candidato da Chapa 4. “Trata-se de uma campanha difamatória, típica de eleições políticas, agora replicada na disputa da OAB”, diz a advogada.
Neffa, agora aliado de Erica, questionou o momento da divulgação do áudio: “Se já tinham a gravação, por que não levaram às autoridades antes? Por que soltar um vídeo editado, com cortes e legendas, apenas uma semana antes da eleição?” Ele criticou a estratégia como “uma tentativa desesperada de permanecer no poder”.
Disputa acirrada
Erica Neves e José Carlos Rizk Filho enfrentam-se pela segunda vez consecutiva pela presidência da OAB-ES, enquanto o advogado Bem-Hur Farina, da Chapa 3 (“Muda OAB”), também busca a liderança como terceiro candidato. O pleito promete ser um dos mais polarizados da história da instituição no estado, marcado por denúncias e uma disputa ferrenha pelo comando da Ordem. (Da Redação com Século Diário)
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