“Começando, como é natural, pelas coisas primeiras.” Aristóteles. Hoje, 31 de julho, é o dia mundial do orgasmo, uma data que começou a ser celebrada em 1999 por iniciativa de uma rede de lojas britânicas de sexy shop, lógico, com o objetivo de vender mais, incitando o tema sexualidade.
Homens e mulheres têm orgasmo, mas uma grande parcela de mulheres tem dificuldade. Os transtornos do orgasmo na mulher são resultado de bloqueio já na excitação, uma das fases da resposta sexual humana. Um dos aspectos relevantes para a experiência orgástica está relacionada ao conhecimento acerca da Sexualidade Humana, a diferença entre Sexo e Sexualidade, e o registro das aprendizagens sobre o tema oriundos da família de origem e das experiências vividas no período das descobertas. Sabe-se que a Sexualidade quando é disfuncional (quando algo impede o funcionamento normal da função sexual) pode ter origem biológica, mas como terapeutas, psicólogos e profissionais da saúde, as questões emocionais terão uma influência anterior ou posterior no sintoma do paciente”, diz a psicóloga Barbara Ahlert.(https://www.cefipoa.com.br/br/dia-mundial-do-orgasmo-o-que-podemos-celebrar)
A pedagoga com especialização em sexologia clínica Claudia Petry, integrante da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash) e especialista em educação para a sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que, por uma questão social, o homem sempre foi muito mais estimulado a conhecer o próprio corpo, a se masturbar. Para a menina, isso sempre foi um tabu, uma coisa proibida, pecaminosa, por questões culturais e de educação.
“O menino, quando vai crescendo, consegue ter fácil acesso ao pênis, enquanto para nós, mulheres, é um órgão completamente interno. A gente consegue sentir, mas não consegue ver. Esta condição, tanto social como anatômica, deixa o homem com vantagens para o seu orgasmo”, ressalta Claudia.
CLIMAX
Reportagem de Raíssa Basílio, na Folha de São Paulo, traz informações adicionais que podem ajudar a lidar com a situação, tanto para homens quanto para mulheres. De uma maneira geral, entretanto, pode-se dizer que o orgasmo é algo natural que faz muito bem para o corpo e para a mente.
Diz ela que o orgasmo, considerado o clímax de uma relação sexual, envolve uma série de respostas fisiológicas e emocionais do corpo. Além deste ponto alto, tudo que engloba o sexo é benefício para o organismo, por causa da liberação de hormônios, como ocitocina e a dopamina, proporcionando bem-estar.
Ludmila Bercaire, ginecologista especializada em reprodução humana pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), explica que “a própria saúde sexual é um dos pilares do bem-estar físico e emocional. Conhecer o próprio corpo, entender o processo da sexualidade, saber como chegar ao orgasmo, tudo isso faz parte da saúde sexual”.
Durante a excitação sexual, há um aumento do ritmo cardíaco, da pressão arterial e da respiração, além de um maior fluxo sanguíneo para os órgãos genitais. “Isso culmina na fase de platô, seguida por contrações musculares rítmicas dos músculos pélvicos e áreas adjacentes”, explica a médica.
A atividade sexual contribui para a saúde cardiovascular e pode ser considerada uma forma de exercício físico, promove essa harmonia do corpo e, consequentemente, melhora a imunidade.
A sexóloga e CEO da marca de sexual wellness Dona Coelha, Natali Gutierrez, explica que ter orgasmos com certa frequência contribui significativamente para nossa saúde mental. Contudo, ela afirma que não devemos delegar toda a nossa estabilidade emocional ao orgasmo.
“Precisamos fazer outras coisas: terapia, atividade física, comer bem, beber água e estar bem com nós mesmas. Contudo, o orgasmo é um complemento excelente para nosso bem-estar. Estar nesse lugar de autoconhecimento, de gostar de estar comigo, de me relacionar bem com meu corpo e comigo mesma, é fundamental”, completa.
O orgasmo está também ligado à autoestima, o que promove um equilíbrio também no corpo feminino. “Não há nada mais libertador do que conhecer nosso próprio corpo e ter uma relação bem resolvida com nossa sexualidade”, diz a sexóloga Natali Gutierrez.
Autoconhecimento é a chave para plenitude sexual
Ainda que o orgasmo feminino esteja ligado a tabus, a sexóloga cita a importância de se conhecer. “Falar sobre sexo é um grande tabu, e o orgasmo feminino é ainda mais”, afirma.
Não há uma prescrição formal de frequência para a atividade sexual ou masturbação, nem estudos que determinem a quantidade ideal por dia. Mas a ginecologista Ludmila Bercaire frisa que “o essencial é manter uma boa conexão com a própria sexualidade, seja por meio da masturbação ou da troca sexual”.
A médica cita que esse vínculo sexual pode ser essencial para o controle da ansiedade, do estresse e para o bem-estar geral. Bercaire explica que, cientificamente falando, que depressão e ansiedade tendem a diminuir quando há uma saúde sexual satisfatória.
Por outro lado, Bercaire cita que pessoas com ansiedade frequentemente enfrentam queda de libido ou disfunção sexual, o que também precisa ser tratado, de uma forma que considere o aspecto emocional, a autoestima, relacionamentos e os hormônios.
“A libido é multifatorial e complexa, especialmente nas mulheres. A sexualidade e o bem-estar emocional se reforçam mutuamente”, completa. Para esse tipo de terapia os médicos precisam usar de estratégias multifatores para promover a saúde sexual e a estabilidade emocional.
A médica cita também que esse ciclo pode ser virtuoso ou vicioso, como disse a sexóloga Natali Gutierrez acima, não dá para usar do orgasmo como uma forma de fugir de todas as frustrações, assim como acontece com os vícios. (Da Redação com Folha de São Paulo, EBC e Cefi – Ensino e Pesquisa)
Foto da capa: @efes/pixabay
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