*Álvaro José Silva
Talvez não tenha sido Adolf Hitler o primeiro a descobrir o valor da propaganda no universo político, mas certamente foi ele quem explicitou melhor o tema e o colocou em seu livro Mein Kampf (Minha Luta), que está agora completando um século após ser lançado na Alemanha em julho de 1925.
Trata-se do maior compêndio já escrito sobre ódio, megalomania, antissemitismo, ressentimento, xenofobia, apologia da violência e outros “atributos”.
O autor acreditava estar iniciando o Reich de mil anos, mas só ficou no poder de 1933 a 1945. Pouco tempo? Não, o suficiente para exterminar milhões de vidas e gerar outros milhões de filhotes espúrios, como é o caso de Donald Trump e aqueles que vivem, por exemplo, no Brasil e à sombra do psicopata Jair Messias Bolsonaro.
Trump, em pouco tempo na presidência dos EUA, tentou várias vezes enfraquecer a Justiça de seu país, inclusive com propostas de impeachment de juízes, no que é amparado por seu melhor assessor, o sul-africano Elon Musk.
A extrema direita nascida com Hitler e Mussolini precisa de um Poder Judiciário atrelado e subordinado ao Executivo e Legislativo para poder prosperar. Isso hoje acontece em vários países além dos Estados Unidos, como é o caso da Hungria de Viktor Mihály Orbán.
Os extremistas de direita não são capazes de governar em democracias, mas somente em regimes de poder extremo. Nesses, eles podem inclusive desconhecer o Legislativo para deportar para prisões de El Salvador as pessoas que não querem lá em seu pais, sem consultar ninguém. O que está sendo feito hoje mesmo.
É atribuído a Hitler o pensamento de que “qualquer cabo pode ser um professor, mas não é qualquer professor que pode ser um cabo”, pois ele foi cabo do Exército Alemão na Primeira Guerra Mundial.
Notem a “coincidência”: Eduardo Bolsonaro, hoje fugido nos Estados Unidos, disse que para derrubar o Supremo Tribunal Federal (STF) bastaria apenas um Jeep, um cabo e um soldado.
Eduardo é um dos filhos do projeto fracassado de ditador de aldeia Bolsonaro, que chegou a capitão do Exército Brasileiro antes de se envolver com sabotagens e ser reformado para não acabar expulso da corporação.
Já defendeu publicamente torturadores da ditadura militar 1964/85, cuspiu em um busto do deputado federal Rubens Paiva, ameaçou e xingou colegas parlamentares, além de outras aberrações.
Trump agora ataca o funcionalismo público dos EUA porque quer ver a plutocracia norte-americana tomando conta de todos os ramos de atividade de seu país.
Quer acabar com a pesquisa científica e a educação pública, pois nada disso o interessa, posto que pode vir a contestar suas “verdades”.
Bolsonaro fez igual no Brasil durante seus quatro anos de desgoverno, quando produziu trocas de titulares na pasta da Educação, por onde passaram de Abraham Weintraub a Milton Ribeiro.
Na Saúde, onde interessava a ele contestar as vacinas e patrocinar a cloroquina como meio de combate à COVID-19, nomeou o general da ativa Eduardo Pazuello, autor da frase “um manda e o outro obedece”.
O reich de mil anos durou 12, mas o suficiente para espalhar o inferno sobre a terra. Como por exemplo em Israel, onde a extrema direita judaica, comandada pelo neonazista Benjamin Netanyahu está promovendo o genocídio dos palestinos diante de um poder mundial incapaz de reagir para deter os crimes de guerra cometidos contra estes e o povo do Líbano.
Isso reforça, em quem pretende continuar a luta contra a extrema direita política aqui e em qualquer outro lugar, a certeza de que o poder político mundial ainda vai continuar a assistir por muito tempo de braços cruzados a esse genocídio sem sentido.
Nos Estados Unidos e onde quer que a extrema direita se manifeste, existe a certeza de que o combate a essa gente não pode parar.
Bastou um Bolsonaro no Brasil para que os fascistas tupiniquins, antes encastelados na Frente Integralista Brasileira (FIB), saíssem de seu esgoto para voltar a tirar o sono daqueles que lutam por um Brasil de todas as suas correntes de pensamento democrático.
Agora até mesmo manifestações claramente nazistas são vistas em terras brasileiras, sobretudo e, infelizmente, no Paraná e em Santa Catarina.
Se as forças democráticas brasileiras não permanecerem atentas, o extremismo de direita continuará sua ascensão, inclusive com novos personagens como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que participou de discursos pró Bolsonaro num domingo para,três dias depois, fazer manifestação em São Paulo elogiando a Justiça Eleitoral. Eles são assim.
*Álvaro José Silva é jornalista, escritor, membro da Academia Espírito-Santense de Letras
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